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PERFIL: Ana Mota Veiga - A estreia, quando o sonho vira realidade…

Os Jogos Paralímpicos começam dentro de 12 dias e a Plural&Singular aproveita para recordar o “Perfil” (rubrica que integra a nossa secção de Desporto da revista digital trimestral) publicado muito recentemente na 15.ª edição que fala sobre Ana Mota Veiga que vai competir em Rio2016 com o seu cavalo Convicto*

O nome do segundo membro da equipa, o cavalo “Convicto”, não deixa dúvidas… A palavra utilizada pela treinadora para caracterizar a fase de preparação – “convicção” – também não. Ana Mota Veiga vai estrear-se em Jogos Paralímpicos com a certeza de que o sonho que se tornará realidade em setembro no Brasil já começou a ser cumprido em Portugal, não fosse ela uma “ultrapassadora de barreiras” [peça com dados anteriores a maio de 2016]

Texto: Paula Fernandes Teixeira
Fotos: Gentilmente cedidas

Portugal conseguiu uma vaga nas provas de equitação dos Jogos Paralímpicos Rio2016. O Comité Paralímpico de Portugal (CPP) deu nota, em abril, de que o apuramento foi conseguido através de uma realocação pedida pelo organismo, em representação da Federação Equestre Portuguesa ao Comité Paralímpico Internacional. A vaga vai ser ocupada pela cavaleira Ana Mota Veiga, que assim se estreará em competições paralímpicas.



Começou a montar por indicação médica. Quando era bebé e a família percebeu que existia um atraso de desenvolvimento motor. A mãe procurou no seu país natal, a Suíça, mais aconselhamento para além das indicações dos médicos portugueses.

“Na altura – porque hoje já não é assim, o conhecimento médico é igual – a investigação nesta área estava mais desenvolvida lá [Suíça] então fomos ao encontro da sugestão de um médico que falou em hipoterapia. Lá já se fazia com mais frequência. Cá não sobretudo onde eu vivia [Serra da Estrela]. Compramos um cavalo e tudo começou assim…”, conta Ana Mota Veiga.

A atleta admite que a primeira abordagem com o cavalo foi “caseira” já que a mãe também sabia montar. Mas entretanto a relação já é de “paixão” e a terapia alia-se à componente desportiva e competitiva.

Em Lisboa, onde mora atualmente, procurou um sítio onde pudesse ter aulas de equitação. Começou na escola da GNR. Passou ao Centro Hípico da Costa do Estoril, onde começou a competir a nível nacional em 2009 e nível internacional em 2010. Chegou a competir também na Academia Equestre João Cardiga, tendo regressado a Cascais.

“Começamos a fazer provas por brincadeira e a brincadeira começou a tornar-se séria. Dos oficiais começou a ir para os internacionais e finalmente o sonho de qualquer cavaleiro, de qualquer atleta, está a ser alcançado – os Jogos”, descreve, por sua vez, a treinadora Teresa Silvestre do Centro Hípico da Costa do Estoril, em Cascais, que com Hugo Serrenho acompanha Ana Mota Veiga nesse tal sonho que teve tudo para estar comprometido.

Há cerca de um ano, o cavalo que sempre a acompanhou morreu e quando um dos companheiros de equipa morre o ranking internacional volta a zero. “Quando aconteceu pensei: acabou, é impossível!”, descreve Ana Mota Veiga.

“Andei quatro anos a tentar subir no ranking. Depois tive o azar de perder o meu companheiro, o meu cavalo, o meu Vento. Não acreditava nem nesse infortúnio, nem na possibilidade de ir aos Jogos. Claro que é o sonho de qualquer atleta. Nunca desisti. É sem dúvida uma responsabilidade muito grande”, continua.

Já Teresa Silvestre lembra que “este desporto é muito competitivo”, mas mais do que isso, em causa não está apenas um atleta… “São dois atletas que trabalham em conjunto. Às vezes o cavalo está bem e o cavaleiro pior. Depois um melhora e piora o outro. E é muito importante arranjar o cavalo certo”.

Também Teresa recorda o abalo, quer no ranking, quer na preparação, que significa a perda de um dos membros da equipa… “A Ana perdeu o cavalo da vida dela, no qual ela confiava a 200% e conseguir um cavalo para confiar 80% já é muito difícil. A Ana tinha uma ligação muito especial com o Vento. Mas conseguiu e este, o Convicto, é muito bom também”, garante. LER PEÇA COMPLETA A PARTIR DA PÁGINA 68 DA 15.ª EDIÇÃO DA PLURAL&SINGULAR


BI

Nome: Ana Mota Veiga
Idade: 42 anos
Tipo de deficiência: paralisia cerebral
Modalidade: Paradressage
Cavalo: Convicto (puro-sangue lusitano)
Naturalidade: dupla nacionalidade, Suíça e Portuguesa
Treinadores: Teresa Silvestre e Hugo Serrenho/Centro Hípico da Costa do Estoril, Cascais
Principal memória/conquista: 1.º lugar em janeiro de 2012 numa prova internacional realizada em Barcelona, Espanha, na qual competiu com o cavalo anterior, o Vento


Ana Mota Veiga fez o percurso escolar na Serra da Estrela depois de morar na Suíça em pequena. Atualmente está em Lisboa, onde trabalha nos serviços médicos da TAP e treina no centro hípico de Cascais. Estudou audiologia na Universidade de Coimbra.

 

*A Plural&Singular completa em dezembro quatro anos de vida. Ao longo do nosso percurso já publicamos 15 edições de revistas digitais trimestrais, tendo em todas elas tentado dar destaque quer à atualidade, quer às referências, marcos, efemérides e conquistas no que ao Desporto diz respeito. No entanto, lamentavelmente, não possuímos “Perfis” (rubrica que integra a secção desportiva) de boa maioria dos atletas que vão rumar ao Rio de Janeiro, Brasil, em setembro para representar as cores lusas. Estamos no entanto a tentar partilhar também no site o material relacionado com este evento que temos compilado nas revistas até ao momento, procurando com estes exemplos, reportagens, entrevistas, de alguma forma homenagear também os atletas, instituições e treinadores com os quais ainda não tivemos oportunidade de contactar. Boa sorte a todos!

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