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updated 11:43 AM UTC, Feb 23, 2024
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ESTEJA ATENTO: a Plural&Singular faz 10 anos e vai lançar a 28.ª edição da revista digital semestral que dá voz às questões da deficiência e inclusão

Jornadas IPA: Afasia… E depois?

As primeiras jornadas nacionais sobre afasia decorrem sábado, na Fundação Manuel António da Mota, no Porto, com o Instituto Português da Afasia (IPA) a promover a discussão sobre estratégias emergentes que visam proporcionar mais qualidade de vida às pessoas com afasia.

Texto: Paula Fernandes Teixeira
Fotos: IPA

O evento vai reunir especialistas nacionais e internacionais, conforme indicou à Plural&Singular a responsável do IPA, Paula Valente, segundo a qual estas jornadas não têm como objetivo apenas dar a conhecer este instituto que nasceu em Matosinhos há pouco tempo, mas “mais importante do que isso, servem para chamar a atenção da população e de públicos específicos da área da saúde e da intervenção social para as abordagens psico-sociais que estão a surgir em Portugal mas que ainda não estão a ser implementadas de forma sistemática”.

Segundo também se lê num artigo assinado por Paula Valente “esta iniciativa é o primeiro momento de reflexão, encontro e até de ‘provocação’ desta associação que surgiu recentemente mas que tem feito um trabalho consistente e persistente ao encontro do impacto social”.

As jornadas têm como título “Afasia… e depois?” e a organização promete juntar especialistas com uma vasta experiência profissional e científica na intervenção psicossocial com as pessoas com afasia, e ainda convidados de outras áreas científicas, da ação social e do empreendedorismo social, sem esquecer as pessoas que vivem e convivem com a afasia.

“O objetivo principal é refletir sobre as abordagens terapêuticas na afasia mais centradas no impacto que esta tem ao nível das atividades, participação social e da qualidade de vida das pessoas. Assim, criar-se-á a base para, em jeito de discussão, pensar novas abordagens para este problema e como é que Portugal pode abrir caminhos, quais os desafios, criar estratégias e inovar”, refere o artigo de Paula Valente.


O programa inclui, por exemplo, um workshop promovido por Sally McVicker, diretora da Connect, organização inglesa homóloga ao IPA, que vai falar de acessibilidade comunicativa. A Plural&Singular esteve à conversa com Paula Valente sobre para perceber o que poderá ser tratado neste workshop… Podem ser consideradas ‘dicas’ para comunicar com uma pessoa com afasia a simplificação de informação escrita, adicionando símbolos e imagens, falar mais devagar, dar pistas sobre o tópico que está a ser abordado, fazer perguntas simples, colocar pouca informação numa página e escolher sinalética adequada, entre outras…

Quais são, portanto, os destinatários destas jornadas? Os profissionais de saúde e da área social, pessoas ligadas à reabilitação, dirigentes e técnicos de associações que trabalham com pessoas com deficiência e a população em geral porque é convicção do IPA que não basta que os especialistas tratem estes temas, estas abordagens e adotem estas dicas se a sociedade também não as adotar.

“A mudança de paradigmas, a eliminação de preconceitos e de barreiras não diz respeito apenas à pessoa com afasia. É necessário englobar todas as pessoas que a rodeiam para promover uma mudança de mentalidades. De nada serve que a pessoa com afasia ou os seus familiares conheçam as estratégias, se numa repartição, numa ida ao médico ou simplesmente a pedir um café, existem barreiras de comunicação”, referiu Paula Valente.

Além do contributo de Sally McVicker vão decorrer conferências com temas como “Consequências do AVC e da afasia nos níveis de aCtividade e participação”, o “Impacto da afasia na qualidade de vida das pessoas com afasia e familiares”, a “Inclusão das pessoas com afasia e outras perturbações da comunicação nos processos de investigação científica” ou “Como tornar uma instituição mais ‘aphasia-friendly’” (para consultar o programa clique AQUI).

De tarde vai decorrer uma mesa redonda que reúne pessoas de várias especialidades e quadrantes profissionais, desde um médico de família, a um médico fisiatra, uma pessoa da área social, uma terapeuta da fala e uma pessoa ligada ao empreendedorismo social.

“Com este tipo de iniciativas, o IPA acredita que, juntamente com todos os parceiros, profissionais e entidades de vários sectores, será possível a médio prazo posicionar Portugal lado a lado com outros países que procuram, já há vários anos, introduzir de forma sistemática a filosofia da ‘Life Participation Approach to Aphasia’ nas suas práticas diárias e de investigação, otimizando resultados terapêuticos e com impacto positivo não só social como económico”, lê-se no artigo introdutório sobre estas jornadas.


Em declarações à Plural&Singular, Paula Valente também indicou que o objetivo do evento é provocar questões para um trabalho cada vez mais em conjunto, exemplificando…
. Como podemos trabalhar em conjunto para que as pessoas com afasia tenham mais oportunidades de inclusão?
. Como podemos melhorar a acessibilidade comunicativa dos serviços e da sociedade?
. Quais são as barreiras que a nossa sociedade levanta a estas pessoas quer ao nível das informações, das atitudes?

Sobre o IPA
Após um ano de existência como projeto, a associação já constituída, abriu o seu primeiro núcleo há cinco meses, em Matosinhos, estando a apoiar já cerca de 50 pessoas com afasia e familiares.
Este é um serviço novo em Portugal que tem como prioridade a aposta na comunicação funcional, no suporte emocional, na capacitação dos parceiros e familiares, na informação e adaptação da própria sociedade. O IPA é uma associação sem fins lucrativos cuja missão é devolver a esperança e qualidade de vida às pessoas com afasia e seus familiares. As suas abordagens terapêuticas, baseadas em evidências cientificas, centram-se nos objetivos pessoais de participação social e nas atividades que são significativas para a pessoa com afasia e onde ela quer voltar a participar. Nos seus estatutos, a associação propõe-se ainda realizar ações de divulgação, sensibilização e educação sobre a temática da afasia e da acessibilidade comunicativa, envolvendo vários agentes da comunidade e parceiros sociais, nacionais e internacionais.

Sobre as Jornadas
Este projeto conta com o patrocínio de vários parceiros tais como, a Fundação Manuel António da Mota, a Fundação PT e a BIAL e com o apoio de várias entidades nacionais como a Associação para o Desenvolvimento Integrado de Matosinhos, o Instituto de Empreendedorismo Social, entre outras. E internacionais: Associação AphasiaAccess, o Aphasia Institute do Canadá, a Connect da Inglaterra e o Triangle Aphasia Project dos Estados Unidos América.

Sobre a afasia
A afasia é uma perturbação da linguagem e da comunicação provocada por uma lesão cerebral nas áreas específicas do cérebro que processam o código linguístico, o que se traduz na dificuldade, entre outras coisas, em expressar palavras e frases.
Em Portugal desconhece-se quantas pessoas têm afasia, mas sabe-se que acontecem seis Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) por hora, que dois terços das pessoas sobrevivem e que metade pode ficar com afasia.

A Plural&Singular aproveita para recordar a reportagem de capa da nossa 14.ª edição da revista digital trimestral (março de 2016) que tem como titulo “Afasia: uma muralha para a comunicação”. Ao longo de 12 página são descritas histórias, publicados testemunhos e apontados caminhos e estratégias… Para ler clique AQUI.
 

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