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updated 11:43 AM UTC, Feb 23, 2024
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3.4.4. Infeções sexualmente transmissíveis

3.4.4.1. O que são as IST?

As IST, ou infeções sexualmente transmissíveis, são infeções contagiosas cuja forma mais frequente de transmissão é através das relações sexuais (sobretudo vaginais, orais ou anais).

IST é abreviatura para Infeções Sexualmente Transmissíveis e são estas infeções que podem desencadear as doenças, ou seja as DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis). Apesar desta precisão, ambas as palavras são muitas vezes entendidas como sinónimas. O mais importante é saber que a sua principal via de transmissão (mas não a única) são as relações sexuais, sejam elas relações sexuais vaginais, sexo oral ou sexo anal.

Infeção é a invasão de tecidos corporais de um organismo hospedeiro por parte de agentes capazes de provocar doenças, a multiplicação desses agentes e a reação dos tecidos do hospedeiro aos mesmos e às toxinas por eles produzidas.

Doença infeciosa corresponde a qualquer doença clinicamente evidente (ou seja, manifestado-se através de sintomas e sinais, com alterações fisiológicas, bioquímicas e histopatológicas), como consequência das lesões causadas pelo agente e pela resposta do hospedeiro.

Quando o agente infecioso penetra, se multiplica ou se desenvolve no hospedeiro, sem provocar dano nem manifestações clínicas, considera-se a infecção subclínica, inaparente ou assintomática.

A prática de sexo mais seguro é a melhor maneira de prevenir a infeção.

As IST mais conhecidas são:

 

• VIH/SIDA

O VIH encontra-se principalmente no sangue, no sémen e nos fluídos vaginais das pessoas infetadas.

Assim, a transmissão do vírus só pode ocorrer se estes fluídos corporais entrarem diretamente em contacto com o corpo de outra pessoa, pela via sexual e/ou sanguínea.

Uma mulher seropositiva pode também transmitir o vírus ao seu bebé durante a gravidez, o parto ou o aleitamento.

É importante salientar o facto de não constituírem riscos de transmissão comportamentos sociais, como abraçar, beijar, apertar a mão ou beber pelo mesmo copo que uma pessoa infetada pelo VIH. 

A infeção pode ser prevenida:

• utilizando o preservativo masculino ou feminino nas relações sexuais;

• não partilhando objetos que possam estar em contacto com fluidos contaminados: escovas de dentes, máquinas/lâminas de barbear/depilar, objetos cortantes, objetos perfurantes e agulhas (incluindo de tatuagem e de piercing), seringas e outros dispositivos médicos que estejam em contacto com sangue, objetos para inalar drogas (como notas ou palhinhas);

• o risco de contágio de uma mãe seropositiva para o seu bebé pode também ser diminuído significativamente ao realizar uma terapêutica adequada durante a gravidez e o parto e evitando o aleitamento.

Todas as pessoas devem fazer o teste do VIH. Mas este torna-se ainda mais necessário se se verificarem comportamentos de risco, como:

• relações sexuais desprotegidas (sem preservativo);

• partilha de seringas ou outro material de injecção de drogas;

• contacto com sangue de outra pessoa.

 

.Como funciona o teste de diagnóstico

O diagnóstico faz-se a partir de análises sanguíneas específicas para o VIH. Esta análise detecta os anticorpos que o sistema imunitário produz contra o vírus, ou mesmo o próprio vírus.

Caso tenha havido comportamento de risco, a colheita de sangue deve ser efectuada apenas 3 a 10 semanas após o contacto, não podendo existir uma certeza sobre os resultados nos primeiros 3 meses após o contágio (as primeiras análises a uma pessoa infectada pelo vírus podem dar um resultado negativo, se o contágio foi recente). Por este motivo, e na dúvida, o teste deve ser repetido passados 3 meses.

 

.Onde posso fazer o teste

Pode pedir ao seu médico de família ou médico assistente que prescreva o exame. Outra opção passa por fazer o teste (anónimo, confidencial e gratuito) num CAD - Centro de Aconselhamento e Detecção Precoce do VIH/SIDA. 

Nalguns locais (unidades móveis de saúde, instalações de ONGs, alguns serviços de saúde) poderá fazer os chamados testes rápidos. Para evitar resultados falsos-negativos estes testes são extremamente sensíveis; por esse motivo, caso sejam reactivos, deverá sempre seguir-se um teste por colheita e análise de sangue nos locais acima referidos.

 

.Terapêutica anti retrovírica

Não há ainda uma cura para a infeção pelo VIH e SIDA. Os tratamentos passam pela administração de uma terapêutica anti retrovírica bastante eficaz.

Em Portugal, esta terapêutica é gratuita e de distribuição hospitalar, basta que as pessoas seropositivas sejam referenciadas junto dos serviços, sendo marcada uma primeira consulta médica.

O tratamento com medicamentos anti retrovíricos deve ser acompanhado desde o início, de modo a aumentar a adesão dos doentes.

As recomendações terapêuticas têm sido alteradas com o avolumar de conhecimento sobre a infeção ao longo dos anos; além disso, a terapêutica é adaptada caso a caso. Não deve, por isso, estranhar, se o tratamento indicado for diferente daquele que uma pessoa sua conhecida recebeu.

Para além do acesso a terapêuticas medicamentosas, muitas pessoas infectadas podem necessitar também de apoio psicológico e/ou social.

 

.Apoio psicológico e social

O diagnóstico de infeção por VIH pode provocar um conjunto de emoções com as quais pode ser difícil lidar: ansiedade, negação, depressão, medo. O apoio psicológico e aconselhamento é, assim, fundamental para garantir o bem-estar dos seropositivos.

Para além dos serviços hospitalares, também algumas Organizações Não Governamentais (ONG) ou Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), disponibilizam consultas de aconselhamento a pessoas infetadas.

A Segurança Social prevê mecanismos e serviços de apoio social nas seguintes áreas:

• Atendimento/acompanhamento social - Destina-se a informar, orientar, encaminhar e apoiar indivíduos e famílias.

• Apoio domiciliário - Assegura a prestação de cuidados individualizados e personalizados no domicílio a pessoas ou famílias que não possam assegurar, temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas e/ou as actividades da vida diária.

• Residência - Equipamento destinado a pessoas infetadas pelo VIH/SIDA em ruptura familiar e desfavorecimento socioeconómico. Pretende-se que o ambiente destas residências, que deverão alojar entre cinco e dez pessoas, se aproxime o mais possível do de uma unidade familiar.  

Fonte: Coordenação Nacional para a Infeção VIH/SIDA

 

Dados e factos:

Desde 1981, mais de 25 milhões de pessoas morreram de SIDA em todo o mundo. Só no continente africano, mais de 11 milhões de crianças ficaram órfãs devido à epidemia.

Em Portugal, são cerca de 14 mil o número de pessoas doentes de SIDA, num total de 32.491 mil casos de infeção que se registaram desde 1983.  

Os últimos dados mundiais foram publicados pela UNAIDS, agência das Nações Unidas para o VIH/SIDA, em Agosto de 2008 e reportam-se ao ano de 2007. O quadro que apresentamos sintetiza as estimativas mais representativas desta epidemia. Consultar o relatório da UNAIDS (inglês).

 

Estimativas globais:

Número de pessoas que vivem com VIH/SIDA - 33.0 milhões

Número de adultos que vivem com VIH/SIDA - 30.8 milhões

Número de mulheres que vivem com VIH/SIDA - 15.5 milhões

Número de crianças que vivem com VIH/SIDA - 2.0 milhões

Número de novos casos registados - 2.7 milhões

Número de novos casos em crianças - 0.37 milhões

Número de mortes por SIDA - 2.0 milhões

Número de crianças que morreram de SIDA - 0.27 milhões

Fonte: UNAIDS, 2007

 

Dados nacionais:

Apresenta-se aqui um extracto dos dados publicados no relatório "Infecção VIH/SIDA: situação em Portugal de 2013", do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge:

"Cumpriram-se trinta anos do diagnóstico dos primeiros casos de infeção por VIH em Portugal e encontravam-se notificados, cumulativamente, 47.390 casos de infeção VIH, dos quais 19.075 em estadio de SIDA;

Dos casos notificados em 2013, 1093 referiam diagnóstico nesse ano. Destes, 44,4% residiam na região da Grande Lisboa, a maioria registou-se em homens (70,7%), a idade mediana ao diagnóstico foi de 40,0 anos, 71,3% referiam ter nascido em Portugal e 20,7% estavam em estadio de SIDA. A via sexual foi o modo de infeção indicado na maioria dos casos, com 61,1% a referirem transmissão heterossexual. 42,7% dos casos do sexo masculino referem transmissão decorrente de relações sexuais entre homens cuja mediana de idades era de 33 anos. Em 7,0% dos novos casos a infeção está relacionada com consumo de drogas. Uma elevada percentagem dos casos (58,1%) cumpria o critério imunológico de apresentação tardia aos cuidados de saúde, TCD4+ <350 cél/mm3 na primeira avaliação clínica. Nos novos casos de SIDA a pneumonia porPneumocystis foi a patologia mais frequentemente referida. Foram ainda notificados 226 óbitos ocorridos durante o ano de 2013;

Ao longo das três décadas da epidemia VIH/SIDA registou-se uma evolução das suas características. O aumento do número de novos diagnósticos de infeção por VIH em jovens do sexo masculino que têm sexo com homens e a elevada percentagem de diagnósticos tardios, particularmente em heterossexuais de meia-idade, são tendências recentes em Portugal, documentadas no presente relatório, e que urge compreender e reverter. A infeção por VIH continua assim a representar um desafio importante para a Saúde Pública em Portugal."

 

• Vírus do Papiloma Humano-HPV

Existem mais de 100 tipos de HPV. Em determinados casos afetam a pele e causam verrugas, cerca de 40 tipos afectam o aparelho genital, causando condilomas (também chamados verrugas genitais)..

Estima-se que 80% das mulheres e dos homens têm contacto com o vírus em alguma fase da sua vida. Na maioria das situações não resultam em problemas mais graves. Contudo, se o sistema imunitário está mais vulnerável pode tornar-se uma infecção persistente e causar cancro do colo do útero. A forma mais fácil de diagnosticar é através do exame citológico (Papanicolau).

São fatores de risco:

• relações sexuais muito precoces

• elevado número de parceiros

• tabagismo

Já existem disponíveis em Portugal vacinas que previnem a infeção por alguns tipos de HPV.

Para mais informações, consulte o site www.hpv.com 

 

• Clamídia

A Clamídia é uma infeção do tipo bacteriano que pode afetar o pénis, a vagina, o colo do útero, o ânus, a uretra, a garganta ou os olhos. É a IST mais comum. A infeção transmite-se por via sexual e também de mãe para filho. 

Na maioria dos casos não apresenta sintomas, no entanto, quando existem, podem ser:

Na mulher:

• dor pélvica

• corrimento vaginal

• dor durante a relação sexual ou ao urinar

• hemorragia entre as menstruações (spotting)

• poderá existir corrimento purulento (amarelo e espesso).

No homem:

• ardor ou dor ao urinar

• pus ou corrimento proveniente do pénis

• inchaço nos testículos ou no ânus.

O seu tratamento é feito à base de antibióticos. Quando não tratada, a clamídia pode causar doença inflamatória pélvica (DIP) nas mulheres (10% dos casos) e/ou infertilidade (em todas as pessoas). Estima-se que uma em cada quatro mulheres com DIP fique infértil.

Nos homens, pode causar inflamação do epidídimo e/ou da próstata. Também pode provocar artrite reativa (uma combinação de artrite, conjuntivite, e inflamação da uretra).

Nas mulheres, as complicações mais frequentes são gravidez ectópica, inflamação do cérvix, dor pélvica aguda ou crónica, e DIP.

Os recém-nascidos de mães infetadas são mais suscetíveis a infeções oculares (conjuntivite) e pulmonares.

 

• Gonorreia ou blenorragia

A gonorreia, também popularmente chamada de "esquentamento", é uma infeção causada por uma bactéria que pode afetar o pénis, a vagina, o colo do útero, a uretra, o ânus ou a garganta. A sua via de transmissão principal é a sexual, através do contacto com uma pessoa infetada, mas pode ser também transmitida de mãe para filho durante o parto.

À semelhança da maioria das IST, a gonorreia não apresenta sintomas, pelo que a ida ao médico para exames periódicos é fundamental para a sua deteção precoce. Quando existem, os sintomas são:

Na mulher:

• dor pélvica

• hemorragia 

• febre

• penetração dolorosa

• ardor ao urinar

• inflamação da vulva

• vómitos e mal-estar geral

• corrimento vaginal purulento

• urinar mais vezes e de forma mais frequente do que o habitual

Nos homens:

• corrimento do pénis semelhante a pus através da uretra

• dor ou ardor ao urinar

• dor nos testículos

O tratamento da gonorreia é feito com a prescrição de antibióticos. Quando não tratada, a gonorreia pode causar doença inflamatória pélvica (DIP) nas mulheres (40% dos casos) e/ou infertilidade (em todas as pessoas). Estima-se que uma em cada quatro mulheres com DIP fique infértil.

Pode ainda provocar, quando não tratada, pústulas na pele, petéquia (pequenos derrames), artrite, meningite, endocardite (inflamação da camada interior do coração), corioamnionite (inflamação das membranas que envolvem o feto durante a gravidez).

Os homens que tenham tido gonorreia têm associado um maior risco de vir a desenvolver cancro da próstata.

Pode ser transmitida pela mãe ao recém-nascido.

Todas as pessoas com um resultado positivo para gonorreia devem ser testadas para outras IST.

 

• Hepatite B

A Hepatite B é uma infeção viral que ataca o fígado e pode causar doença aguda ou crónica. O Vírus da Hepatite B (VHB) é extremamente contagioso, sendo as suas principais vias de transmissão: os fluidos genitais (esperma e secreções vaginais), fluidos corporais (sangue, urina e saliva), e o leite materno.

É a mais perigosa de todas as hepatites, pois o risco de morte por cirrose ou/e cancro do fígado é muito elevado. No entanto, a infeção pode, em determinados casos, ser eliminada pelo organismo. Mais de 90% dos adultos saudáveis que são infetados com Hepatite B recuperam e libertam-se do vírus no período de 6 meses.

São considerados comportamentos de risco:

• Relações sexuais vaginais sem preservativo masculino ou feminino

• Sexo oral /anal não protegido

• Partilha de seringas

• Partilha de objetos pessoais como escovas de dentes ou lâminas de barbear

• Manuseamento de agulhas infetadas em contexto hospitalar

O vírus pode sobreviver fora do organismo pelo menos 7 dias. Durante este período, o vírus pode provocar infeção se entrar na corrente sanguínea de uma pessoa que não esteja protegida pela vacina.

O período de incubação do vírus é em média de 75 dias, mas pode variar de 30 a 180 dias. O vírus pode ser detetado 30 a 60 dias após a infeção e persiste por períodos de tempo variável.

Em 90% dos casos a Hepatite B é assintomática, ou seja, a pessoa não apresenta sintomas.

Também na fase aguda da infeção, a maior parte das pessoas não apresenta sintomas. No entanto, algumas têm doença aguda com sintomas que duram várias semanas, incluindo: febre, fadiga extrema, náuseas, vómitos, dor abdominal, dores nas articulações, erupções na pele e posteriormente icterícia (pele e olhos amarelados), urina escura e fezes claras.

Em algumas pessoas, a Hepatite B pode causar doença crónica no fígado, que pode desenvolver mais tarde cirrose ou cancro no fígado.

Não há medicação para combater diretamente o agente da doença. Tratam-se os sintomas e as complicações.

No entanto, se a pessoa foi exposta recentemente ao vírus da Hepatite B, deve recorrer de imediato a uma consulta médica, pois uma intervenção precoce poderá ser fundamental para evitar o contágio.

A vacina para a Hepatite B é o meio mais seguro e eficaz de prevenção. É composta por três doses e tem uma taxa de eficácia de 95%.

Em Portugal, esta vacina passou a integrar o Programa Nacional de Vacinação para todos os adolescentes, desde 1995 e, a partir de 2000, passou a ser administrada a todos os recém nascidos.

Esta vacina é também administrada gratuitamente a todos os grupos de risco.

 

• Sífilis

A sífilis é uma infeção sexualmente transmissível causada por uma bactéria chamada Treponema Pallidum. Esta IST é frequentemente assintomática, o que dificulta o seu diagnóstico e tratamento adequado. Após a infeção, existe um período latente que dura em média 3 semanas e durante este período não são visíveis quaisquer sintomas, podendo manter-se assintomática durante um tempo considerável.

A Sífilis Primária caracteriza-se por uma úlcera indolor no ponto de exposição da bactéria e pode aparecer nos genitais, na uretra, no ânus e no colo do útero, bem como nos lábios e na boca.

Transmite-se através de relações sexuais não protegidas (sexo vaginal, oral ou anal), contacto com ferimentos causados pela doença e durante a gestação (em 40% dos casos causa aborto espontâneo, morte à nascença ou neonatal; noutros casos, causa sífilis congénita).

Os sintomas da sífilis não são sempre evidentes e variam consoante o estádio da doença:

• Fase 1 - Cerca de 3 semanas após a infeção, aparece uma pequena ferida/úlcera nos órgãos genitais, na boca, na mama ou no ânus.

• Fase 2 - 3 a 6 semanas depois do aparecimento da lesão, os sintomas podem incluir febre, dores de cabeça, perda de peso, dores musculares e fadiga.

• Fase 3 - Nos casos em que não foi tratada, a sífilis pode evoluir para situações clínicas graves, dando origem a severos danos ao nível do sistema nervoso e sistema cardiovascular e pode levar à morte. Esta fase pode ocorrer 1 a 20 anos após a infeção.

A sífilis é fácil de curar durante as fases iniciais, sendo normalmente tratada com penicilina; quando as pessoas infetadas são alérgicas a esse medicamento, podem tomar outros antibióticos.

O preservativo é o modo mais eficaz de evitar a transmissão da sífilis.

 

• Herpes genital

O herpes é uma infecção que pode ser causada por dois tipos de vírus: o vírus herpes simplex do tipo 1 (que causa lesões na mucosa oral) e o vírus herpes simplex do tipo 2 (que causa lesões nos genitais e anus).

Os 2 vírus causam as mesmas lesões, optando no entanto por mucosas diferentes, facto pelo qual uma lesão do tipo 1 não se instala na zona genital e igualmente o vírus de tipo 2 não se instala na mucosa oral.

No caso do herpes genital (tipo 2) a transmissão ocorre através do contacto com lesões ou secreções das zonas genitais afectadas, e tem um período de incubação de 3 a 7 dias.

Os sintomas caracterizam-se pelo aparecimento de vesículas e lesões na área genital, quer dos homens quer das mulheres, acompanhadas por dor, prurido e ardor ao urinar.

O herpes deve ser tratado para atenuar as queixas e sintomas e para diminuir o período em que o vírus se encontra ativo e contagiante; mas não existe cura, sendo recorrente o seu aparecimento. Quando surge, aconselha-se a abstinência sexual.

A utilização do preservativo é a forma mais adequada de prevenção, embora não seja 100% eficaz.

 

• Tricomoníase

Esta é uma das infeções sexualmente transmissíveis mais comuns. É causada por um parasita denominado Trichomas Vaginalis e transmite-se pelo contacto sexual. A pessoa pode estar infetada e não apresentar sintomas.

Os sintomas que frequentemente estão associados à infeção por tricomonas são:

Na mulher:

• Corrimento com odor intenso e cor alterada.

• Pequenas hemorragias durante ou após a relação sexual

• Prurido ou comichão à volta da vagina

• Inchaço das virilhas

• Necessidade de urinar com frequência e ardor ao urinar.

No homem:

• Corrimento proveniente da uretra

• Necessidade de urinar mais do que o habitual, associada a dor ou ardor

• Irritação no pénis

Esta infeção tem cura. Os sintomas surgem cerca de 5 a 28 dias após a pessoa ter sido infetada, sendo habitualmente prescritos antibióticos no tratamento da Tricomoníase. Os parceiros sexuais devem ser tratados ao mesmo tempo e só devem voltar a ter relações após o tratamento e quando já não houver manifestação de sintomas.

Na mulher grávida, esta infeção pode provocar parto precoce ou baixo peso à nascença.

A utilização do preservativo, masculino ou feminino, é o único método contracetivo que diminui o risco de contágio. 

 

Perguntas frequentes:

 

Como se pode evitar uma IST?

A utilização de métodos de barreira (como os preservativos interno ou externo, as luvas, ou as folhas de látex) é o método mais eficaz na prevenção de uma IST, sempre que existem relações sexuais, inclusivamente para proteger brinquedos sexuais.

Algumas parasitoses, como a sarna ou os piolhos púbicos, podem ser transmitidas no contacto da pele com lençóis ou estofos contaminados. Uma correcta e frequente higienização do corpo e dos espaços é o melhor método para reduzir o risco de contrair estas infecções.

Algumas IST, como a Hepatite B ou alguns tipo de HPV, podem ser transmitidas no contacto pele-com-pele, mas existem vacinas para estas infeções que devem ser igualmente consideradas. Para algumas populações específicas, definidas na Circular Normativa nº 15/DT da DGS, de 15/10/2001, a vacinação é gratuita. 

Podem ainda ser consideradas de menor risco, as práticas sexuais sem contacto com mucosas, ou o uso de brinquedos sexuais não partilhados.

Para o VIH, caso ocorra uma relação desprotegida, poderá ser disponibilizada nas urgências hospitalares e, em alguns casos, a PPE (profilaxia pós-exposição), para tentar dificultar a multiplicação do vírus. De salientar que a eficácia desta é maior se for disponibilizada num curto espaço de tempo: o medicamento deve ser tomado o mais cedo possível e no prazo máximo de 72 horas após a exposição ao VIH. Deixando passar este período de tempo, o tratamento deixa de ser eficaz. A eficácia do tratamento consiste na toma de medicação antiretrovírica durante 28 dias e a sua eficácia não é garantida.

Estão em curso estudos para usar preventivamente alguns medicamentos, mas esses métodos ainda não estão disponíveis.

 

As IST são fáceis de tratar?

Depende. Há infeções bacterianas que podem ser tratadas com antibióticos. Mas outras infeções, como o VIH, permanecem no organismo e implicam um tratamento durante toda a vida.

 

Onde posso fazer um teste de VIH/SIDA?

É possível fazer um teste de VIH/SIDA recorrendo aos Centros de Aconselhamento e Deteção do VIH (CAD), solicitar análises específicas ao médico de família ou a um médico particular, por hipótese. Os Centros de rastreio (gratuitos e confidencial) – CAD, existem em várias cidades do país: Aveiro, Almada, Barreiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Viseu e na Ilha Terceira (Açores).

 

É possível ficar infetado com sexo oral?

Sim. Existe sobretudo o risco de contrair infeções como a Gonorreia, a Clamídia, a Sífilis, o HPV ou o VIH, quer recebendo, quer fazendo sexo oral com uma pessoa infetada.

 

O que é o herpes genital?

O herpes genital é uma IST provocada por um vírus (normalmente o vírus simplex do tipo 2), através do contacto sexual. É das infeções mais frequentes. Como é difícil de detetar, muitas vezes o vírus passa para o/a parceiro/a sem que se saiba da sua existência.

O herpes pode ser tratado para atenuar as queixas e sintomas. Mas não existe cura, sendo o seu aparecimento recorrente (recidivas).

 

O cancro do colo do útero é uma DST?

O cancro do colo do útero é uma doença que resulta de infeções persistentes pelo Vírus do Papiloma Humano, o HPV. Este vírus vive na pele ou nas membranas mucosas, habitualmente, não causa sintomas, e propaga-se sobretudo pelo contacto sexual, pelo que é fundamental a prática de sexo mais seguro.

Existem muitos tipos diferentes deste vírus, com consequências diferentes (e zonas preferenciais de infecção). Algumas pessoas desenvolvem verrugas anogenitais visíveis (os chamados condilomas, causados por tipos de HPV que não provocam cancro) ou têm alterações pré-cancerígenas no colo do útero, vulva, ânus, pénis ou boca. Muito raramente, a infeção por HPV resulta em cancros anais, genitais ou da cabeça e pescoço.

Em Portugal, a vacina contra as infeções por HPV está incluída no Plano Nacional de Vacinação, sendo ministrada gratuitamente a todas a raparigas a partir dos 10 anos de idade. Está disponível também para outras pessoas (geralmente de forma não gratuita) mediante avaliação, caso a caso. Estudos recentes sugerem que a vacina pode ser benéfica mesmo para quem já vive com a infecção.

 

3.4.4.2. Vias de transmissão das IST

As principais vias de transmissão de IST são:

• as relações sexuais vaginais, não protegidas, entre mulher e homem; ou seja, quando o pénis é introduzido na vagina sem preservativo (interno ou externo);

• as relações sexuais anais, não protegidas, entre mulher e homem ou entre homem e homem. Ou seja, quando o pénis é introduzido no ânus sem a proteção de um preservativo;

• para algumas infeções, as relações sexuais orais; ou seja, quando a vagina, o clitóris ou o pénis estão em contacto direto com a boca do parceiro/a, sem uma barreira protetora (como uma folha de látex ou plástico impermeável, por exemplo);

• o risco de transmissão está também relacionado com determinadas práticas ou comportamentos, como por exemplo a partilha de brinquedos sexuais; para evitar a transmissão, devem usar-se dams (pequenos lenços de latex) durante o sexo oral/vaginal, luvas de latex e lubrificantes à base de água durante o toque ou a penetração no ânus ou vagina, utilizar preservativos e lubrificantes nas situações de partilha de vibradores, etc.

É fundamental encontrar profissionais de saúde com os quais se sinta confortável para conversar e que possam assegurar o acompanhamento.

Sempre que se inicia uma nova relação sexual é importante falar com a parceira sobre as relações anteriores, de modo a prevenir os riscos de contrair uma IST.

De acrescentar que, quando não estão em contacto com o corpo, a maior parte dos agentes infeciosos responsáveis pelas IST morre rapidamente.

 

3.4.4.3. Sinais e sintomas das IST

Uma IST nem sempre se manifesta de forma clara, pelo que os rastreios regulares e os exames clínicos são muito importantes para o diagnóstico.

Certas infeções provocam sintomas apenas no homem, outras somente na mulher e, por vezes, pode existir infeção sem qualquer tipo de sintoma.

Alguns sinais podem traduzir-se na existência de uma IST:

• corrimento vaginal anormal, frequentemente com mau cheiro ou corrimento uretral;

• presença de vermelhidão, manchas brancas, bolhas, verrugas ou vesículas nos órgãos genitais ou à sua volta, no ânus, ou na boca;

• alteração de textura e/ou de cor nas unhas e/ou na pele ao seu redor;

• dor ou sensação de queimadura ao urinar;

• dores difusas no baixo ventre;

• sensação de dor ou queimadura aquando das relações sexuais;

• febre.

Certas infeções provocam sintomas apenas no homem outras somente na mulher e, por vezes, pode existir infeção sem qualquer tipo de sintoma.

Em certos casos, as consequências de uma IST não tratada manifestam-se mais tarde sem que, entretanto, se tenha detetado qualquer sinal anormal.

O tratamento das IST deve ser sempre feito aos parceiros envolvidos na relação sexual, mesmo que não haja nenhum sintoma. Desta forma, evitam-se complicações graves como é o caso da infertilidade.

É essencial para a saúde que as pessoas conversem com os seus parceiros sobre se têm ardores, dores ou incómodos na zona genital e que consultem um médico ou um centro de aconselhamento em planeamento familiar com a maior brevidade possível. Indo à consulta, rapidamente se faz o diagnóstico e se inicia o tratamento.

 

3.4.4.4. Prevenção e deteção precoce

A prevenção e a deteção precoce são a melhor maneira de evitar complicações de saúde mais graves:

• A melhor estratégia para prevenir o aparecimento de uma IST é a prática de sexo MAIS seguro; O preservativo é o método mais eficaz para evitar uma IST;

• É fundamental estar consciente dos riscos, sobretudo quando se desconhece o comportamento e o estado clínico das/os parceiras/os sexuais; um maior número de parceiras/os não se traduz necessariamente em maior risco, desde que todas as pessoas adotem comportamentos de minimização do risco;

• Logo que se sintam incómodos ou se detetem lesões na zona genital, deve consultar-se um médico;

• Quando se diagnostica uma IST, devem informar-se as pessoas com quem se teve sexo nos últimos tempos; dependendo da IST e de outros fatores, "últimos tempos" pode significar nas últimas semanas, nos últimos meses, ou nos últimos anos;

• Os exames periódicos são essenciais para despiste das IST, uma vez que os sintomas são muito difíceis de detetar;

 

Perguntas frequentes:

 

Onde posso obter preservativos femininos/internos gratuitos?

Em centros de saúde, hospitais e algumas Organizações Não Governamentais, como a Associação para o Planeamento da Família. O preservativo feminino/interno não está ainda disponível em farmácias.

 

Os preservativos femininos/internos são tão eficazes contra as IST como os preservativos masculinos/externos?

Em teoria sim. Na prática, os dados sugerem que o método tem uma taxa de falha anual 25% a 150% superior à do preservativo masculino/externo (o que talvez esteja relacionada com o facto de o modelo disponibilizado pelo Estado variar com alguma frequência e/ou com o facto de muitas pessoas estarem ainda a habituar-se a usar este tipo de preservativo, cometendo mais erros e sendo a amostra estatística menos representativa).

 

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