3.3.1. Fases do ciclo da resposta sexual humana
O prazer e a satisfação sexual estão diretamente relacionados com as fases do ciclo de resposta sexual humana, constituída por um conjunto de alterações somáticas e psicológicas que são desencadeadas perante uma determinada estimulação.
Habitualmente, aceita-se o facto de que a resposta sexual constitui um processo que segue uma sequência previsível de alterações fisiológicas, independentemente de qual seja a prática sexual (ex. relações coitais, masturbação), ainda que estas fases nem sempre se distingam claramente uma das outras e que possam diferir não só entre indivíduos como também num mesmo indivíduo.
Embora homens e mulheres passem pelas mesmas fases, existem especificidades em cada uma delas, nomeadamente, em termos de duração e intensidade no encontro sexual.
Havenlock Ellis (1897) foi o primeiro autor a tentar uma descrição das fases do ciclo de resposta sexual, baseando-se no aspeto fisiológico do relacionamento sexual que, de acordo com o autor, tem duas etapas: a tumescência (caraterizada pela vasocongestão dos órgãos genitais) e a detumescência (descarga da energia acumulada e a descongestão que ocorre após o orgasmo).
Posteriormente, diversos autores tentaram descrever o processo de resposta sexual nos seres humanos, nomeadamente William Masters e Virginia Johnson (1966) que, pela primeira vez, procederam à observação de homens e mulheres no decurso de interações sexuais e que registaram as alterações que ocorriam nos seus corpos durante as mesmas.
Estes estudos levaram Masters e Johnson a descrever quatro fases da resposta sexual: excitação, planalto (ou plateau), orgasmo e resolução.
Mais tarde, na década de 70, Helen Kaplan sugere um modelo trifásico da resposta sexual o qual é composto pelas fases do desejo, da excitação e do orgasmo. Para esta autora, o desejo é definido como “um conjunto de sensações produzidas pela ativação de um sistema neuronal específico que, quando ativado, induz sensibilidade genital, um acrescido interesse em sexo, recetividade a atividade sexual ou, simplesmente, agitação, que irão desaparecer após gratificação sexual (orgasmo).” (Kaplan,1979)
Ao salientar a fase do desejo, Kaplan contribuiu para que a categoria diagnóstica Desejo Sexual Inibido fosse introduzida como categoria independente no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-III, American Psychiatric Association, 1980).
Posteriormente, Basson (2004) cria um modelo circular, uma tentativa de colmatar a linearidade progressiva dos modelos de Masters & Johnson e de Kaplan, de cariz essencialmente unisexual, e também devido à necessidade de perceber a psicofisiologia sexual feminina.
Considerando-se uma visão mais abrangente da sexualidade e, em particular, do desejo sexual, Rosen e Leiblum (1988) propõem um modelo no qual o desejo é conceptualizado a partir de uma perspetiva sociocultural, pelo que a expressão deste deverá corresponder aos padrões vigentes (scripts) da sociedade na qual o sujeito está inserido.